Wednesday, December 28, 2011

O campo

Numa destas noites, ao ler uma história ao Pedro, expliquei-lhe que para vermos bem as estrelas temos que ir para o campo.
- Para o campo? Para o campo da escola?
Foi então que eu percebi que para esta criança o campo é (só pode ser) o campo de futebol. Falei-lhe do campo - das árvores, da erva, de um espaço com poucas casas, de um possível lago. Estás a ver?
- Xim.
Pareceu-me hesitante.
Pelo sim, pelo não, hoje fomos à quinta pedagógica. Ver os porcos, mexer no cavalo, ouvir os galos a cantar e a vaca a mugir. Ainda não é o campo mas foi o que se arranjou. Estou já a planear uma tarde passada na barragem, com manta estendida e cesto de piquenique. No verdadeiro campo.

Labels:

Monday, December 19, 2011

Beco sem saída

'Page One.Inside the New York Times' é um documentário sobre o mais icónico dos jornais, centrado na sua secção de media, e que questiona o futuro daquele jornal, dos jornais e do jornalismo tal como o conhecemos. Um filme que nos faz ficar roídos de inveja (ai aquela redacção enorme, os jornalistas que têm semanas e semanas para fazer uma história que nem sequer é manchete, as reuniões da primeira às quatro e meia da tarde, as questões pertinentes levantadas pelos editores, os prémios pulitzer, enfim, outro mundo) mas que nos deixa com mais perguntas do que respostas. E com aquela sensação de que deveria ter nascido uns vinte anos mais cedo. Isso ou ter escolhido outra carreira. A sério. Por mais que dê voltas à cabeça, não consigo imaginar o que irei fazer quando isto tudo der o berro.

Labels: ,

Sunday, December 18, 2011

De 2011



Só para acabar, partilhar esta tulipa, minha revelação do ano.

Labels: ,

De 2011



Foi um ano bem no feminino, essa é que é a verdade.

Labels: ,

De 2011



Talvez seja melhor corrigir: o disco é anterior, eu é que só descobri esta senhora este ano (como pode?) e ela fez bater apressado o tic-tac do meu coração.

Labels: ,

De 2011



Eu vivo a sorrir, o que muito irrita algumas pessoas que acham que para se ser sério tem que se estar sério. Coitadas.

Labels: ,

2011: ver, ouvir e ler

Ver no cinema
A vantagem de uma pessoa ter pouco tempo para fazer coisas para além de trabalhar e tratar da sua vidinha e da vidinha da sua família é que tem de escolher muito bem como ocupa esse tempo. Por isso, sim, vi poucos filmes, mas acho que gostei de todos os filmes que vi (até mesmo, dentro do género, do super 8). Recordo, sobretudo, tropa de elite de José Padilha, a outra vida de Clint Eastwood, a árvore da vida de Terrence Malick, pina de Wim Wenders, 48 de Susana de Sousa Dias, dois filmes de Sérgio Tréfaut, meia-noite em Paris de Woody Allen, sangue do meu sangue de João Canijo, a vida de Alain Oulman (com que voz), o amor de josé e pilar e uma comédia bem boa (a melhor despedida de solteira). Vou tentar ver, até ao fim do ano, o iraniano uma separação.

Ver no palco
Corro o risco de me esquecer de muita coisa. É que voltei a ser uma espectadora mais assídua no teatro e, mesmo assim, não vi tudo o que queria. Assim de repente, quero lembrar a Beatriz Batarda (como encenadora e actiz), as peças do Meridional (todas), da Cornucópia e dos Artistas Unidos (este grupos são assim como o woody allen ou o clint eastwood, mesmo quando não são excelentes são bons), o Circolando (lindo), a Companhia Maior e as Comédias do Minho (por tudo o que são), o vale de Madalena Victorino (só vi este ano), a experiência Angelica Lidell, outra experiência chamada Nature Theatre of Oklahoma, e outra ainda dos Team (Theatre of the Emerging American Moment). Só para que conste: tive pena que Diogo Infante deixasse de ser director do D. Maria II.

Ver na televisão
Mad Men, Irmãos e irmãs (lamechice, claro), Uma família muito moderna, Mildred Pierce, Dowton Abbey, todos os filmes antigos que apanhei na rtp memória (e o Seinfeld, outra vez, na sic radical).

Ouvir
Tudo em português. Adriana Calcanhotto, Tulipa Ruiz, Ná Ozetti, Caetano Veloso, Chico Buarque, Marisa Monte, Sérgio Godinho, Clã, B Fachada, Aldina Duarte.

Ler
Os livros maus e assim-assim que tive de ler por causa do trabalho já esqueci. Ficam os bons. Tudo em português, outra vez. Um livro de contos de Mário de Carvalho. A menina júlia da farmácia de José Rentes de Carvalho. As crónicas de Onésimo Teotónio de Almeida. A biografia de Salazar. E a de Sita Vales. E a de Snu Abecassis. E ainda estou a ler a biografia de Glauber Rocha. E, o melhor de todos este ano, o retorno de Dulce Maria Cardoso.

Labels: , , ,

Thursday, December 15, 2011

Tão bom

Nos exercícios de quarto ano do Magalhães há um jogo do galo em que os jogadores são o Melo Antunes e o Salgueiro Maia. E em vez de cruzes aparecem as fotografias deles. Lindo. Melhor só se fosse o jogo da forca, isso é que era.

Labels:

Friday, December 09, 2011

Maior (2)


A Companhia Maior continua a maravilhar-nos com os seus espectáculos. Este, com encenação da Clara Andermatt, está no CCB até domingo, e tanto nos põe a chorar (se forem assim lamechas como eu) como nos confronta com o envelhecimento e nos põe a pensar nisto tudo. Além do mais é de uma beleza rara.
A foto é do Jorge Amaral/ Global Imagens.

Labels:

Tuesday, December 06, 2011

Xutos e Pontapés

- António, vamos ouvir o disco dos Xutos para ensaiar para o concerto.
O miúdo faz um ar de espanto.
- Porquê? Temos que ir cantar para o palco?

Labels: ,

Monday, December 05, 2011

Querido Papai Noel

Às duas ou três pessoas que me querem dar prendas de Natal e não sabem o que me oferecer: eu sei que estavam a considerar dar-me perfumes e malas caríssimas mas, para falar a verdade, ficaria mesmo feliz se recebesse algum destes livros:
- a autobiografia da Agatha Christie
- as memórias do Churchill
- a biografia do Luiz Pacheco
E umas peúgas também davam um certo jeito (não estou a brincar).

Labels:

Um elefante a voar?

No Sound & Vision, o Nuno Galopim está a organizar um mês dedicado aos clássicos da Disney. Esta foi a minha contribuição:

Uma das coisas más de ter crescido numa terra onde não havia cinema e num tempo onde não havia cassetes de vídeo, muito menos DVD ou YouTube, é que, em criança, não tive oportunidade de ver nenhum dos filmes da Disney. Para mim, Cinderela e Branca de Neve eram apenas personagens de livros coloridos. Mas isto também pode ter sido uma coisa boa. Acabei por ver alguns desses filmes muito mais tarde e de uma forma completamente diferente. Ver 'A Bela e o Monstro' quando se está na faculdade e com uma crise amorosa é outra coisa. Ver 'Bambi' quando se tem um filho no colo é uma dor inexplicável. E ver 'Dumbo', de 1941, com cenários a aguarelas e desenhos tão simples, quando já se assistiu a filmes em 3D, tem qualquer coisa de regresso à infância (mesmo que essa infância não tenho sido povoada por filmes da Disney). Precisamente, a primeira coisa que me agrada em 'Dumbo' é essa simplicidade e essa ingenuidade, nos desenhos e na história (são apenas 64 minutos), que entretanto se perdeu nas grandes produções de animação de hoje. Aqui não há subtextos complicados nem piadas que só os adultos entendem. Este é um filme para os mais pequenos. E para que isso fique bem claro tudo começa com uma cegonha a trazer o pequeno Dumbo à sua mãe. A partir daqui conta-se a história do maravilhoso elefante bebé de orelhas gigantes, ostracizado pelos da sua própria espécie e gozado por toda a gente que, com a ajuda do amigo rato, descobre que consegue voar e que, portanto, tal como o patinho feio, aquele seu "defeito" é afinal uma enorme vantagem. Uma história cheia de mil lições - que as aparências não importam, que ser diferente não é mau, que não se deve gozar com os mais fracos, que podemos encontrar a amizade nos sítios mais improváveis, até mesmo num pequeno rato que, reza a tradição, não se costuma dar com os elefantes. Que temos que acreditar nas nossas potencialidades (e quem já viu um elefante a voar não se surpreende com mais nada, como diz a música). Que uma mãe defende o seu filho contra tudo e contra todos. Venham de lá essas lágrimas, que também é por isso que gostamos dos filmes da Disney, seja qual for a nossa idade.

(texto publicado em http://sound--vision.blogspot.com/ no dia 1 de dezembro)

Labels: