Friday, January 29, 2010

What you see is what you get

Não tenho segredos. Nunca tive. Nem quando era criança e havia umas meninas que tinham umas amigas especiais e outras que tinham outras amigas especiais e eu era especialmente amiga de todas. Nem quando era adolescente e contava à minha mãe as minhas paixões e os namorados e o que fazia e os sítios onde ia. Não me lembro de ter grandes segredos e sempre que tentei ter algum dei-me mal, sofri de angústia e estraguei tudo o que havia para estragar. Por isso, segredos só guardo os dos outros e é porque tem de ser. Meus? Prefiro não ter. Prezo a honestidade. Não consigo mentir. Se estou feliz partilho a felicidade. Se estou triste não dá para disfarçar. Se estou apaixonada faço questão de o gritar bem alto. Se me apetece chorar, venham de lá essas lágrimas. Tenho mais que fazer do que preocupar-me com o que os outros vão pensar de mim. Se é o meu passado não me envergonho dele nem o quero esconder. Não tenho armários com coisas secretas. Gavetas onde ninguém pode mexer. Baús fechados à chave. Podem ir ver o meu telemóvel, cuscar os meus computadores, vasculhar à vontade - não hão de encontrar nada. A única coisa que podem descobrir é que eu sou uma pessoa absolutamente desinteressante. Podia ser pior. Dizem que os homens gostam de mulheres misteriosas, daquelas que não mostram tudo, que não abrem o jogo, que parecem ser qualquer coisa mais. Comigo não há ilusões. What you see is what you get. É bom? É mau? Não sei, mas é assim. E é tão simples.

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Friday, January 22, 2010

Log off

Quanto mais penso nisso mais me parece absurdo essa coisa de dar computadores, magalhães ou outros, em massa às criancinhas. Que os dessem aos meninos que andam no ciclo, vá lá, ainda percebia. Agora, às crianças de seis anos? Quanto mais penso nisso mais tenho a certeza que as crianças de seis anos precisam é de ser crianças e de brincar. Precisam de explorar a natureza e o mundo. De passear e de aprender. Não havia nada mais importante para fazer? Levar as crianças a espectáculos e exposições, equipar as escolas com todo o tipo de materiais para que elas possam fazer esculturas, pinturas e outras artes. Comprar-lhes puzzles e jogos. Bolas. Livros. Instrumentos musicais (além da pandeireta e da flauta). Levá-las a concertos. Dar-lhes formação musical de jeito. Ensiná-las a fazer bolos. Levá-las a andar de comboio e de carroça. A acampar. A ver as estrelas. A ver o mar. Mostrar-lhes os nossos monumentos. Garantir que têm uma alimentação decente. Não tinham onde gastar o dinheiro? E que tal não permitir que haja miúdos que têm de estar nas aulas com luvas e cachecóis? Não os deixar aprender em barracões que no verão parecem fornos? Dar-lhes pátios grandes, com árvores, jardins, hortas, espaço para correrem e jogarem à macaca? Dar-lhes pavilhões desportivos bem equipados. Mostrar-lhes que há mais desportos além do futebol. Piscinas. Passeios a cavalo. Quanto mais penso nisso mais me convenço que a última coisa que as crianças de seis anos precisam é de passarem (ainda mais) tempo em frente a um computador. As crianças de seis anos não deviam sequer ter computador.
Mas isto sou eu, que sou retrógada e, talvez, até um pouco ignorante, que não sei nada destas novas pedagogias. Isto sou eu que cada vez mais sinto que vivo num tempo e num mundo que já não existem.

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Saturday, January 16, 2010

We Can Work It Out

Life is very short, and there's no time
For fussing and fighting, my friend.

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Thursday, January 07, 2010

Os manos

Correm juntos pela casa. Lutam. Guincham. Às vezes conseguem ficar, por breves momentos, a brincar como deve ser. Quando não está zangado pelo pequenito lhe destruir as pistas e os jogos, o António arma-se em mano mais velho, dá-lhe a mão e diz, professoral, vem com o mano, o mano mostra como é. O Pedro imita tudo o que o "mamo" faz, seja lavar-se sozinho ou saltar em cima da cama. Rodopiam na sala ao som de música. Riem a bandeiradas despregadas. Fazem-me a cabeça em água. Emociono-mo só de olhar para eles e até me esqueço que 2009 foi, muito provavelmente, o pior ano da década.

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Monday, January 04, 2010

La llorona

A beleza não morre.

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