Sunday, November 29, 2009

De volta a casa

(é lindo mesmo, rita)

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Friday, November 27, 2009

Today's flavour

Quinze anos outra vez

Eu também gosto disto (juro)

Monday, November 16, 2009

This is it

Vem cá, vou mostrar-te uma coisa.
Ligo o computador, clico no youtube e ponho a Popota.
Ele, indiferente.
Gostaste?
Sim, e agora podes pôr o Michael Jackson?
Meia hora depois tive que o arrastar do ecrã porque já passava da hora de ir para a cama e o meu filho continuava da Billy Jean para o Bad e para o Beat It e para os outros todos. Foi pelo corredor a fora a arrastar os pés e a abanar o rabo. Ele, como eu, também não percebe esta histeria toda com a hipopótama do continente.

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Thursday, November 12, 2009

A fada comeu-me a língua

Quando caiu o primeiro dente ele estava a passar o fim-de-semana em casa da avó, o que foi uma sorte. Uma sorte para mim que sou mulher forte capaz de agarrar os piolhos na hora das vacinas, de os deixar imóveis enquanto lhes tiram sangue, que os acompanho sem lágrimas nem tremores a salas de operações mas sou incapaz de arrancar um dente, nem os meus eu arrancava, deus-ma-livre, esperava que caíssem, pedia a alguém que lhes desse o golpe final e mesmo assim agoniava-me o sabor do sangue a espalhar-se pela língua, por isso, sim, foi uma sorte para mim que andava há dias a dizer ai, antónio, não mexas aí, tira a mão da boca, querido, que ele há de cair quando tiver que ser. Teve que ser naquele dia, em casa da avó, e foi uma sorte também para o miúdo que ouviu a história da fada dos dentes contada como deve ser e garante a pés juntos que nessa noite, quando se levantou para ir à casa de banho, viu uma coisa a voar que "só podia" ser a dita fada que, generosa como só as avós, lhe deixou debaixo da almofada uma moeda e uma nota, imagine-se. No dia seguinte, mostrou-nos o buraco na boca com orgulho, nós demos-lhe muitos beijinhos, tão crescido que estás e nunca mais se falou no assunto.
Até ao dia em que o dente do lado, desamparado, coitado, desatou a abanar, a abanar cada vez mais, e o puto entusiasmadíssimo a remoer lá com a língua, a pôr-se ao espelho para ver se estava quase, ai, antónio, não mexas aí, tira a mão da boca querido, que ele há de cair quando tiver que ser. E foi ontem. Cheguei à escola e ele veio para mim de boca aberta e eu dei-lhe muitos beijinhos ao mesmo tempo que fiz aquele ar aliviado de quem já se tinha escapado à coisa, viemos para casa, que crescido que estás e pronto. Mas, hoje, quando estávamos de saída da escola, já com o casaco na mão, olho para o painel dos recados e lá, no sítio dele, por baixo do nome, estava um lenço de papel enrolado, o que é isto?, e no meio, bem guardadinho, uma pedrinha minúscula, o meu dente!, grita ele, então foi por isso que a fada não veio porque não sabia que o meu dente tinha ficado aqui.
Sorriso amarelo.
Eu não tenho paciência para a fada dos dentes. Eu não sou uma gaja dada à ficção. Eu gosto de ver documentários e de ler biografias, gosto de ver filmes baseados em histórias reais, detesto ficção científica e fantasia, profecias e artes mágicas. Eu não gosto da fada dos dentes, nem do pai natal, nem do papão, nem de nenhum outro desses seres que povoam as histórias das crianças. Eu não gosto de mentir ao meu filho. Mesmo que sejam mentiras pequeninas. Eu não gosto de inventar. Cá em casa explicamos tudo o que tem de ser explicado. Não há cá bebés trazidos pela cegonha. Não há cá fadas que dão moedas. E agora?
Desviando o assunto no caminho para casa e durante o jantar.
Eu acho que esta noite a fada dos dentes vem, disse ele, todo feliz, colocando o guardanapo com o dente debaixo da almofada. Também acho, ouvi-me eu a dizer. Nem mais. Apaguei a luz. Dei beijinhos de boa-noite. E agora ele está a dormir e eu tenho que ir ver se tenho por aí alguma moeda para daqui a bocado ir fazer a troca. E é isto. Também é isto ser mãe. Só não me peçam é para guardar o dente. Isso não. Já que a fada dos dentes vem aí ela que fique com o dente e que o leve para onde bem entender. De preferência para bem longe de mim.

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Sunday, November 08, 2009

A minha alma está parva

Vinda de um pequeno (pequeníssimo) período de férias, tinha planeado vir aqui falar-vos das maravilhas da vida ao ar livre, das bicicletas e das praias fora de tempo ou, então, para algo menos lamechas, insurgir-me contra a falta de moral e de vergonha na cara que impera neste país de doutores corruptos, mas eis que, enquanto me actualizava pela blogosfera, me deparei com um texto, uma espécie de texto, uma coisa escrita pelo director do sol e começou-se-me a dar uns calores logo no primeiro parágrafo e quanto mais lia mais me agoniava e eu já nem sei se me surpreende mais o tom com que fala da namorada do primeiro-ministro se as alarvidades que diz sobre os homossexuais, se me incomoda mais a estupidez ou a ignorância, se aquela de os filhos adoptados não são exactamente iguais aos outros ou a historieta fantástica do menino que via-se logo que era maricas pois em pequenino só queria brincar com tachos. A sério. Há muito tempo que não lia uma coisa assim tão absurda e ao mesmo tempo tão revoltante. Acho que preciso de mais uns dias de férias para recuperar disto...

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Sunday, November 01, 2009

Trinta e cinco

A partir de agora, disse a minha médica, vamos ter que ficar mais atentas. Irei marcar a minha primeira mamografia, farei análises e ecografias. Regularmente, disse ela, porque a partir de agora, e não teve que o dizer mas ficou implícito no silêncio, a partir de agora, eu, nós, mulheres, entramos na curva descendente. Os quilos serão mais difíceis de perder, as rugas mais dificeís de disfarçar, os cabelos poderão começar a ficar grisalhos, já me aparecem salpicos castanhos na pele das mãos, e as hormonas irão fazer das suas, pois claro, somos mulheres, até podemos enganar o espelho com plásticas e botox mas o nosso corpo sabe perfeitamente a idade que tem. Trinta e cinco. E sabe tão bem.

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